Jota Menezes e Diego Alcantara
No primeiro dia da coletiva no auditório da UNEB, compareceu apenas a candidata Pedrina do PSOL. Os outros convidados para o dia, Joseph Bandeira (PT) e Misael Aguilar(PMDB) enviaram justificativas (só tomamos conhecimento verbalmente no dia).
Mesmo com a ausência dos dois, o evento não se esvaziou, ao contrário, o público foi aumentando e no final da entrevista o número de estudantes era o dobro de quando a entrevista começou. No segundo dia com a presença dos três candidatos Wank Medrado (PRP), Izac da Juagro (PCdoB) e Roberto Carlos(PDT), o auditório ficou tomado. Esse é um reflexo de que "política" não é mais entendido pela população apenas como "coisa chata".
Aos poucos não só a opinião pública, mas o conjunto da sociedade vai compreendendo que o papel do homem público é muito sério e mais importante do que "politicagem", pura e simples. As manifestações de satisfação dos estudantes eram freqüentes durante a coletiva. Naquele momento eles se sentiam potencializados como participantes legitimos da democracia.
Exerciam o direito à cidadania, à liberdade de expressão e não numa situação inversa, verticalizada, característica comum nos regimes de exceção como ocorreu no Brasil durante "os anos de chumbo" ou numa "democracia distorcida", como ainda ocorre nos países em que políticos se apoderam do poder para "legislar em causa própria", ignorando totalmente o seu papel público.
No primeiro dia da entrevista coletiva, a candidata Pedrina respondeu a todas as perguntas, exceto as que não estavam assinadas, e essa é uma outra questão que deve ser analisada. A transparência não deve ser apenas começo, mas meio e fim na condução "da coisa pública". Não se deve conceber mais " a chamada cultura da razão cínica" em que as pessoas tentam justificar os fins com meios nem sempre transparentes.
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um primeiro grande passo para o combate a corrupção e a mau versação dos recursos públicos, o trabalho feito pelo Tribunal Superior Eleitoral, não só de conscientização, mas de fiscalização também colaborou com esse processo de mudança que corrige a postura dos candidatos e dos eleitores.
O que ocorreu no país, é que os políticos, os meios de comunicação, a ignorância dos eleitores e a inexperiência da Justiça Eleitoral deram margem para eventos como os "showmícios" e outros abusos como a panfletagem e a poluição sonora nos períodos de eleição.
Agora está tudo mais tranqüilo e ordenado e a tendência é que melhore mais ainda. No entanto o Brasil terá que trilhar um caminho ainda longo que passa não só pelos esforços do TSE, das instituições, dos meios de comunicação, mas, sobretudo exige algo mais estrutural que é a melhoria do nosso sistema educacional e como conseqüência do senso crítico da população.